Prezados investidores,
Novembro consolidou um descolamento positivo dos ativos brasileiros frente aos pares globais, em um mês marcado pela renovação de máximas históricas na bolsa local e pelo fechamento expressivo da curva de juros. Nos Estados Unidos, o mercado de ações operou em tom de consolidação, mantendo-se próximo aos topos mas sem força para renovar os recordes de outubro, enquanto os investidores recalibravam as apostas sobre o início do ciclo de cortes de juros pelo Federal Reserve. Na China, a atividade econômica seguiu sem brilho, mantendo a dependência de suporte estatal. No Brasil, o destaque foi a mudança drástica de humor: o mercado ignorou o ruído fiscal e abraçou uma narrativa política renovada, impulsionando um forte fluxo de capital que apreciou o Real e derrubou os prêmios de risco.
Estados Unidos
A economia americana apresentou sinais de acomodação, com a inflação mostrando resistência em convergir para a meta, o que manteve o Federal Reserve em postura vigilante. Diferente dos meses anteriores, o S&P 500 e o Nasdaq não renovaram suas máximas históricas, encontrando resistência técnica e fechando o mês levemente abaixo dos picos de outubro. O mercado de trabalho seguiu resiliente, mas sem a pujança que justificasse novas altas explosivas, levando os investidores a uma postura de espera (“wait and see”) quanto aos próximos passos da política monetária, o que limitou a performance dos índices acionários frente aos mercados emergentes.
Europa e China
Na Europa, a atividade econômica continuou a patinar, com leituras de PIB estagnadas e a Alemanha flertando com a recessão técnica. O Banco Central Europeu manteve os juros inalterados, mas a persistência da inflação de serviços impediu uma sinalização mais dovish. O risco fiscal na região permaneceu no radar, mas sem novos eventos de estresse agudo, permitindo uma estabilidade relativa do Euro. Na Ásia, a China seguiu com dados de atividade industrial e consumo abaixo do esperado, reforçando a percepção de que a meta de crescimento depende inteiramente da continuidade dos estímulos governamentais, que até agora têm sido apenas suficientes para evitar uma desaceleração maior.
Brasil
No Brasil, o cenário foi de euforia. O Ibovespa descolou-se do exterior e engatou uma sequência de altas que o levou a romper os 159 mil pontos, estabelecendo novas máximas históricas. O movimento foi sustentado por um fluxo robusto de capital estrangeiro e por uma renovada esperança política em torno da candidatura de Tarcísio de Freitas, que foi lida pelo mercado como cada vez mais possível e com um impacto completamente assimétrico. O ambiente de “bull market” local fez com que os investidores relevassem a deterioração dos indicadores fiscais de curto prazo, focando na assimetria de preços e na perspectiva de melhora institucional.
Considerações Finais
Novembro consolidou uma mudança drástica de humor e narrativa no mercado brasileiro, promovendo um descolamento positivo frente aos pares globais. O forte fluxo de capital estrangeiro, ancorado em uma renovada percepção de estabilidade política (com a leitura positiva da candidatura de Tarcísio de Freitas), impulsionou o Ibovespa a novas máximas históricas e derrubou agressivamente os prêmios de risco e a curva de juros.
Nos mercados desenvolvidos, a performance desacelerou. Nos EUA, o S&P 500 e o Nasdaq entraram em modo de espera (wait and see), sem força para renovar recordes, enquanto o Federal Reserve manteve a postura vigilante devido à inflação persistente. Na Europa e na China, a atividade econômica seguiu estagnada e dependente de suporte estatal.
A principal assimetria de novembro reside na euforia local ignorando o ruído fiscal de curto prazo. Embora a deterioração dos indicadores fiscais persista como o principal risco estrutural do país, o mercado, beneficiado pelo valuation atrativo, optou por focar na perspectiva de melhora institucional e no fluxo comprador.