COPOM: Tom duro e manutenção unânime, mas barra alta para novas altas
Escrito por: Christian Thorgaard

Nesta quarta, 19/06, o BC decidiu pela manutenção dos juros em 10,5%, em decisão unânime.
A autoridade monetária não promoveu nenhuma mudança na descrição de cenário internacional. Leitura segue a de mercado de trabalho forte e incerteza sobre ritmo de desinflação, com BC’s compromissados na ancoragem.
No local também sem grandes mudanças: atividade e mercados e trabalho surpreendendo pra cima, desinflação seguindo seu curso mas subjacentes em ritmo mais forte.
Em termos de cenário prospectivo, as projeções sobem para 4% esse ano e 3.4% ano q vem, de 3.8 e 3.3 no último Copom. Expectativas e dólar utilizados no cenário de referência também subiram, bem como trajetória dos juros esperados pelo Focus. Para o cenário de referência, o BC partiu de expectativas de inflação em 4.0% para 2024 e 3,8% em 2025, com juros fechando este ano em 10,5% e caindo a 9,5% ao final do próximo ano.
Em nova adição ao comunicado, Copom realiza cenário alternativo em que a Selic é mantida constante até o final de 2025. Neste cenário, BC entrega inflação praticamente na meta no próximo ano (3.1).

Quer dizer, no atual nível de desancoragem, com expectativas pressionadas, atividade resiliente e câmbio desvalorizado, a manutenção dos juros já seria suficiente. Afasta um pouco o risco da retomada do ciclo de altas, salvo deterioração material da situação corrente.
Sobre a decisão, BC aponta unanimidade da interrupção do ciclo de ajuste para garantir não apenas a convergência da inflação, bem como a ancoragem das expectativas. Em seguida, faz coro ao cenário alternativo, sugerindo um contexto de “higher for longer” até que este processo se consolide. Por fim, comitê ressalta que novos ajustes vão refletir o compromisso com a meta de inflação, mas a barra para subir é alta considerando a inflação na meta no cenário de Selic constante, mesmo partindo de expectativas e preços em níveis já bem ruins.
Por fim há o deslocamento gradual do horizonte relevante para 2026, que tudo o mais constante deve ter inflação abaixo da meta sob este cenário de juro mais alto e inflação na meta em 25. Neste contexto, estaria aberta a porta para a retomada do ciclo de cortes mais à frente.
Aguardaremos a divulgação da ata da reunião e do RTI (Relatório Trimestral de Inflação), na próxima semana, e atualizaremos nossas projeções para a trajetória dos juros.

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