Prezados investidores,
Agosto foi marcado por uma continuidade das tendências macroeconômicas recentes, com algumas nuances que ganharam destaque: nos Estados Unidos, o PIB do 2.º trimestre foi revisado para cima (+3,3 % anualizado) e a inflação manteve-se relativamente moderada, o que reforça a postura cautelosa do Federal Reserve; na zona do euro, a inflação anual atingiu cerca de 2,0 % em agosto, com o crescimento econômico ainda anêmico; na China, o setor industrial permanece sob pressão, reforçando a expectativa de estímulos adicionais. No Brasil, os indicadores mostraram resiliência: a inflação anual caiu para aproximadamente 5,13 % em agosto, e o mercado de trabalho apresentou nova melhora com a taxa de desemprego em 5,8 % no 2.º trimestre. O ambiente global segue incerto, mas observou-se avanço em acordos comerciais e desafios geopolíticos que continuam a moldar percepções de risco.
Estados Unidos
Nos EUA, o crescimento econômico surpreendeu positivamente: o PIB do 2.º trimestre teve nova revisão para +3,3 % anualizado, ante contração no 1.º trimestre. A inflação medida pelo índice PCE subiu cerca de 2,0 % em 12 meses até junho, com núcleo em 2,5 % ― sinais consistentes de estabilização acima da meta tradicional. O Federal Reserve manteve a taxa básica em 5,25 %-5,50 % (estimativa aproximada) e reiterou que seguirá com base nos dados, sem pressa para cortes. No mercado, as bolsas americanas registraram leve alta, o dólar se valorizou moderadamente e os rendimentos de títulos públicos avançaram, refletindo a persistência de expectativas de inflação e juros mais elevados.
Europa
Na zona do euro, a inflação anual em agosto foi estimada em cerca de 2,0 % (flash data) ― ainda dentro do objetivo do Banco Central Europeu (BCE). A atividade econômica segue fraca: dados da OCDE indicam que o crescimento agregado permanece quase estagnado, com Alemanha e Itália em contração. O BCE manteve a taxa de depósito em 2,0 % e reforçou que as decisões futuras dependerão do ritmo inflacionário e das expectativas de crescimento. O euro operou com leve valorização frente ao dólar, refletindo os dados moderados e a dinâmica de acordos comerciais recentes.
China
A economia chinesa mostra novo grau de dificuldade: o setor manufatureiro está em contração (PMI abaixo de 50) e o consumo interno ainda não se recupera com força, elevando a pressão sobre as autoridades para adotarem estímulos fiscais e monetários adicionais. Isso reforça a expectativa de que a meta de crescimento de ~5 % para o ano dependerá de apoio governamental contínuo. O ambiente externo de menor demanda vulnerabiliza a China frente às cadeias globais.
Brasil
No Brasil, o real oscilou em torno de R$ 5,60 por dólar durante agosto, apoiado pelo diferencial de juros reais elevados e pela relativa estabilidade da inflação ― esta caiu para ~5,13 % ao ano. A economia segue com sinais de vitalidade: a taxa de desemprego atingiu 5,8 % no 2.º trimestre, marca histórica. A Selic permanece em 15 %, com o Banco Central do Brasil sinalizando manutenção em função do cenário externo e da trajetória de inflação. Apesar dos fundamentos relativamente sólidos, os riscos fiscais e externos continuam a limitar o otimismo estrutural. No âmbito comercial, o Brasil celebrou um tratado de livre-comércio entre o Mercosul e a EFTA, ampliando acesso tarifário para cerca de 97 % dos bens, o que é visto como positivo para o setor exportador.
Considerações Finais
Agosto consolidou uma tendência de acomodação monetária nas economias desenvolvidas, diante de inflação controlada, porém com crescimento anêmico. Nos EUA, o avanço do PIB e a inflação em torno da meta mantêm o Fed cauteloso, enquanto na zona do euro a combinação de inflação perto de 2 % e crescimento fraco torna o cenário de estímulos fiscais mais provável. A China reforça a necessidade de apoio adicional à economia diante da fraqueza industrial. No Brasil, o cenário permanece corrente financeiro segue construtivo, com inflação em queda, taxa de juros real elevada e mercado de trabalho forte, apesar dos riscos fiscais, externos e eleitorais. Seguimos atentos aos desdobramentos da política monetária global, à dinâmica cambial e às variáveis fiscais locais, ajustando nossa estratégia para preservar capital e colher oportunidades num ambiente de transição do ciclo econômico mundial.